Pandemia mostra porque a saúde e bem-estar dos colaboradores devem ser prioritários
Workforce ProtectionArtigo18 de maio de 2021
A COVID-19 representa um desafio sem precedentes para a saúde e bem-estar dos colaboradores, mas as empresas podem prosperar através da adoção de uma abordagem positiva para o bem-estar dentro e fora do trabalho.
É incontornável que a importância da saúde mental vai continuar a crescer no mundo pós-COVID-19. Tendo em conta os riscos e incertezas inerentes a um cenário de empregos em constante mudança que se vivia antes da pandemia, o bem-estar dos colaboradores a nível psicológico já era uma grande preocupação para as empresas, no entanto, as adversidades associadas à COVID-19 – ainda mais incertezas quanto à sustentabilidade no trabalho, riscos de saúde, responsabilidade em assumir o papel de cuidador e adaptação ao teletrabalho – podem estar ou vir a impactar o desempenho e os objetivos a serem alcançados por cada colaborador. O bem-estar é, mais do que nunca, parte integrante da dinâmica laboral entre empregador e colaborador.
“Definir um mundo de trabalho melhor: A perspetiva do empregador” é o nome de um estudo do Grupo Zurich e da Universidade de Oxford, que inclui inquiridos de Portugal e que mostra que embora os empregadores conheçam a necessidade de uma abordagem holística ao bem-estar dos colaboradores, muitos ainda estão a trabalhar na sua definição e implementação. Este desafio tornou-se ainda maior durante a pandemia, com os limites entre as esferas pessoais e profissionais cada vez mais difíceis de definir.
Um tópico constante na pesquisa Zurich-Oxford tem sido a pergunta: “Como podem os empregadores integrar o bem-estar físico, mental, social e financeiro da sua força de trabalho de uma forma holística?” Esta e outras questões assumiram uma importância maior durante a pandemia. Garantir que o local de trabalho é um ambiente saudável, seja num escritório, numa fábrica ou em casa, deve ser uma prioridade na estratégia global da empresa. O relatório sugere que, cada vez mais, as empresas vão procurar monitorizar o bem-estar dos seus colaboradores, de forma a garantir que trabalham em ambientes saudáveis e que também eles se mantêm saudáveis.
É natural que os colaboradores passem a ter outro tipo de expectativas em relação aos seus empregadores, sendo que faz sentido que as empresas cuidem dos seus colaboradores ao ponto de quererem que vivam mais felizes e saudáveis, contribuindo assim para uma cultura positiva e um bom nível de performance. As pessoas que se sentem cuidadas pelos seus empregadores, sentem-se também valorizadas e reconhecidas com repercussões claras ao nível do seu desempenho.
Uma questão na agenda das organizações que gerem equipas a trabalhar remotamente é a seguinte: “Até onde se estende a responsabilidade da empresa pelo bem-estar geral dos colaboradores, especialmente ao nível da saúde mental?”. Como os limites entre escritório e casa estão consideravelmente mais indefinidos, as empresas são chamadas a determinar se devem gerir o bem-estar dos colaboradores fora do “horário de trabalho” antes definido e, se sim, de que forma.
O contributo da saúde financeira para o bem-estar dos colaboradores
A nossa pesquisa indica que os empregadores e os colaboradores sabem que a saúde financeira é essencial para o bem-estar geral. Com o objetivo de melhorar a educação financeira das pessoas, a consciencialização sobre proteção é cada vez mais reconhecida como uma questão fundamental. Esta consciencialização é determinante para aumentar a capacidade de administrar dinheiro de forma eficaz, para proporcionar uma vida de bem-estar financeiro e para aumentar a compreensão dos produtos e benefícios financeiros que os colaboradores têm ao dispor nos seus locais de trabalho, como são exemplo os seguros de vida e outros tipos de seguro.
Embora os empregadores tivessem, muitas vezes, um papel bastante limitado na oferta de educação financeira e orientação sobre benefícios, com a COVID-19 este papel está a sair reforçado. À medida que sobe a pressão nos sistemas de saúde e de segurança social, os colaboradores procuram mais apoio junto dos seus empregadores - este apoio não significa necessariamente suporte financeiro, mas também orientação e acesso aos produtos e serviços mais adequados.
As empresas participantes na nossa pesquisa são empregadoras médias e grandes em seis países (Alemanha, Austrália, Brasil, Espanha, Reino Unido e Suíça) e apresentaram os seguintes resultados ao nível do bem-estar financeiro:
- atribuíram uma nota média de 7 (de 1 a 10) ao nível da alfabetização financeira dos seus colaboradores;
- a maioria reconhece que há espaço para melhoria, com dois terços (68%) a afirmar que acredita que a sua força de trabalho beneficiaria da educação ou comunicação sobre bem-estar financeiro;
- 57% assistiram a um aumento da procura por orientação em bem-estar financeiro nos últimos três a cinco anos;
- Mesmo antes da COVID-19, as empresas já estavam cientes da importância do aumento da educação financeira e 74% planearam aumentar a abrangência e frequência dos seus programas nesta área.
Dar atenção equilibrada ao bem-estar dos colaboradores nas suas diferentes dimensões – física, mental, social e financeira – é um desafio mesmo nas melhores situações. Com os constrangimentos adicionais à pandemia e com os colaboradores mais interessados nos seus benefícios, tornou-se ainda mais urgente e importante que os empregadores aproveitem a grande oportunidade que têm para abordar abertamente os seus colaboradores sobre todas as questões relacionadas com o bem-estar.
O relatório “Definir um mundo de trabalho melhor: A perspectiva do empregador”e o relatório principal “Definir um mundo de trabalho melhor: Argumentos para defender um novo contrato social” foram elaborados através de informações recolhidas ao longo dos últimos cinco anos pelo Grupo Zurich e a Smith School of Enterprise and the Environment. As informações têm como base as respostas de cerca de 19 mil profissionais de 17 países – que inclui 1.100 portugueses com idades entre os 20 e 70 anos, empregados ou desempregados há menos de três meses -, 1.200 empresas, inquéritos de consumidores e entrevistas detalhadas com clientes empresariais da Zurich, realizadas durante a pandemia, sobre o futuro do trabalho.