Riscos nos negócios: o que preocupa os empresários?

Riscos e Resiliência | Artigo | 09 de junho de 2020

Todos os anos, o relatório “Riscos Regionais dos Negócios” mapeia as principais preocupações de empresários por todo o mundo. Em Portugal, a economia é vista como a maior fonte de riscos nos negócios.

Para um negócio bem-sucedido, é fundamental identificar e gerir os riscos a que a empresa está exposta. Para apoiar este mapeamento, o relatório “Riscos Regionais dos Negócios” apresenta, todos os anos, o resultado da auscultação a empresários de todo o mundo sobre a respetiva perceção dos riscos nos negócios.

Para os empresários portugueses, são os riscos económicos que mais causam preocupação. Esta é uma das conclusões da edição 2019 do relatório, que apresenta a bolha de ativos como o principal risco a longo prazo (10 anos) indicado pelos empresários nacionais. Seguem-se riscos nos negócios como a falha de mecanismo financeiro ou institucional, a falha de governance nacional, ataques cibernéticos e crises fiscais (ambos em 4º lugar).

Estes resultados demonstram a preocupação do tecido empresarial nacional com uma Zona Euro extremamente vulnerável a crises políticas, sociais e económicas. A elevada dívida pública, os juros cada vez mais baixos e a inflação a níveis mínimos são alguns dos fatores que aumentam a perceção de riscos financeiros a longo prazo.

Top 5 dos riscos a longo prazo para os empresários portugueses:

1 - Bolha de Ativos
2 - Falha de mecanismo financeiro ou institucional
3 - Falha de governance nacional
4 - Ataques cibernéticos
4 - Crises fiscais

 

O que mudou na perceção dos riscos nos negócios?

Os resultados apresentados pelo relatório “Riscos Regionais dos Negócios 2019” mostram que as preocupações dos empresários nacionais sofreram algumas alterações. Em 2018, o principal risco apontado foi a falha de mecanismo financeiro ou institucional (que, no ano seguinte, passou para segunda preocupação), seguido da falha de governance nacional e só depois o risco de bolha de ativos (que se destacou, em 2019, como principal risco).

De realçar que, ao contrário do que aconteceu em 2018, as preocupações com fenómenos climáticos extremos e com o choque dos preços energéticos deixaram de estar no Top 5 dos riscos nos negócios identificados pelos empresários portugueses. Em contrapartida, subiram nas preocupações dois novos riscos: ataques cibernéticos e crises fiscais.

 

O que preocupa os empresários nas diferentes regiões do mundo?

O relatório “Riscos Regionais dos Negócios 2019” baseia-se na auscultação a cerca de 13 mil líderes empresariais em mais de 130 países. A iniciativa é do Fórum Económico Mundial, em parceria em parceria com o Grupo Zurich e Marsh & McLennan Companies.

Dependendo da região onde os empresários se encontram, os riscos nos negócios identificados para os próximos 10 anos são distintos.

  • Europa
    No conjunto da região europeia, os riscos tecnológicos são a principal preocupação dos empresários: a ameaça de ciberataques é o que mais preocupa o tecido empresarial europeu. Seguem-se a bolha de ativos, o conflito entre Estados, o choque dos preços de energia e as crises fiscais.
  • Eurásia
    A instabilidade social profunda é a maior preocupação a longo prazo dos empresários desta região. Os restantes riscos nos negócios apontados são: conflito entre Estados, choque dos preços de energia, crises fiscais e inflação incontrolável. 
  • América do Norte
    Na região onde a economia digital mostra grandes avanços, são os riscos tecnológicos que mais preocupam os empresários. Os ciberataques e a fraude/roubo de dados representam, respetivamente, os maiores riscos identificados. Seguem-se os ataques terroristas e a preocupação com o colapso das infraestruturas críticas, quer as de informação e comunicação (4º maior risco), quer as infraestruturas físicas (5º maior risco). 
  • Ásia-Pacífico
    Neste território muito vulnerável a eventos climáticos extremos, o risco de catástrofe natural é o mais apontado pelos empresários da região Ásia-Pacífico, seguido de preocupações com ataques cibernéticos, conflito entre Estados, crises fiscais e fenómenos meteorológicos extremos. 
  • América Latina e Caribe
    Nesta região de maior instabilidade social, os empresários identificam sobretudo riscos sociais como o principal obstáculo ao desenvolvimento de negócios. Nesse sentido, as maiores preocupações são a falha de governance nacional, a instabilidade social profunda, o desemprego (ou subemprego), as crises fiscais e o fracasso nas infraestruturas críticas.
  • Sudeste Asiático
    Nesta região, as crises no abastecimento de água são apontadas como o maior risco a longo prazo. Os empresários da região identificam ainda os riscos de ataques terroristas, as catástrofes ambientais provocadas pelo ser humano, o fracasso do planeamento urbano e o choque dos preços energéticos. 
  • Médio Oriente e Norte de África
    Nesta região rica em petróleo, é o choque dos preços energéticos que mais preocupa, a longo prazo, os empresários. Seguem-se as crises fiscais, desemprego (ou subemprego), inflação incontrolável e bolha de ativos.

Estes resultados refletem fortemente o contexto regional onde cada empresário se encontra, embora riscos mais transversais  como os riscos ambientais  continuem com expressão reduzida.