5 dicas inspiradoras para eliminar o carbono do seu armário

Sustentabilidade | Artigo | 21 de dezembro de 2021

O power dressing surgiu nos anos 80, com a necessidade de atribuir poder às mulheres – que paulatinamente começavam a ocupar cargos de chefias em grandes empresas – através do vestuário. O que é certo é que, à medida que urge travar as alterações climáticas, um dos verdadeiros poderes passa também pela eliminação do carbono dos nossos armários.

Sabia que a indústria da moda produz cerca de 10% das emissões anuais de carbono do mundo? Este valor é superior às emissões globais dos transportes marítimos e voos internacionais combinados. Estima-se, também, que as emissões de gases de efeito estufa nocivos, provenientes desta indústria, devem crescer mais de 50% até 2030.

A água é outro recurso natural – bastante valioso, até – utilizado em abundância na produção de roupas. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), são necessários 3.781 litros de água para produzir um par de calças de ganga. A indústria da moda serve-se de 93 bilhões de metros cúbicos de água por ano, o suficiente para atender às necessidades de 5 milhões de pessoas. A cada segundo do dia, o equivalente a um camião de lixo cheio de tecidos é queimado ou depositado num aterro, ao passo que o processo de tingir tecidos é o segundo maior poluente de água no mundo.

Os custos ambientais têm sido ampliados pelas tendências da moda e, em última análise, impulsionados por cada um de nós, consumidores desta indústria. Comecemos pelo início. O conceito de fast fashion reflete a rapidez de produção e consumo dos artigos, que facilmente são descartados e substituídos por outros. Porquê? Porque as pessoas compram mais roupas e com maior frequência: anualmente, um consumidor compra 60% mais roupas do que no início do século e mantém-nas por metade do tempo.

O nosso desejo por roupas acessíveis e produzidas em massa incentivou a indústria da moda a tornar-se cada vez mais globalizada. Isto produz enormes emissões adicionais de carbono a nível mundial – pelo transporte ferroviário, rodoviário, marítimo ou aéreo dos produtos fast fashion. No entanto, podemos começar já hoje a adotar comportamentos de consumo mais responsáveis. Aponte as nossas cinco dicas inspiradoras para tornar o seu armário mais ecológico.

 

1. Aposte em tecidos inovadores e sustentáveis

O desenvolvimento de tecidos inovadores é um passo para tornar a indústria da moda mais sustentável. Estes tecidos duram mais e oferecem maior qualidade às peças, permitindo, ao mesmo tempo, reciclar os materiais com os quais as roupas são produzidos e convertê-los noutros produtos.

A tecnologia possibilita, também, conceber artigos de moda a partir de materiais reciclados. Atualmente já se produz calçado desportivo através de plástico reciclado dos oceanos e a marca de moda RubyMoon também cria fatos de banho a partir de redes de pesca usadas – ao fazê-lo, afirma reduzir a sua pegada de carbono em 42%.

Privilegiar tecidos sustentáveis é, por outro lado, uma grande ajuda. Plano de Ação de Vestuário Sustentável (SCAP) de 2020 declara que a mudança para o algodão sustentável – certificado pela Better Cotton Initiative e pela Organic Cotton and Cotton Made in Africa – vai melhorar a pegada hídrica dos materiais, além de reduzir as emissões de carbono associadas à produção de roupa.

 

2. Compre em segunda mão

Pondere e reflita antes de comprar. Evite adquirir peças por impulso, que não pretende manter a longo prazo, e seja responsável no processo de compra. Equacione roupas usadas em bom estado - a forma mais simples de reduzir a pegada de carbono do seu guarda-roupa é contribuir para a economia circular. Ou seja, compre roupas em segunda mão – este tipo de compra está cada vez mais na moda devido aos seus benefícios ambientais (e financeiros). Considere também vender as roupas que já não veste e que se mantêm em bom estado.

 

3. Alugue ou peça emprestado

Quantas vezes utilizamos uma roupa numa única ocasião especial? Nestes casos, evite comprar e alugue ou peça emprestado a amigos ou familiares. Assim, é-lhe possível poupar algum dinheiro e investir em roupa de maior qualidade, com tecidos que duram mais.

 

4. Reutilize

Aproveite um artigo que iria para o lixo – ou que lhe foi oferecido e que nunca tenha usado – e dê-lhe uma nova vida. Transforme-o noutro de maior valor e que lhe seja útil. Reutilizar é uma das maiores tendências da moda, segundo a revista Vogue, e as roupas que nunca usámos são uma oportunidade para reutilizar. Surgem, cada vez mais, marcas de moda que fabricam as suas roupas com tecidos que iriam parar a aterros sanitários e que são reaproveitados.

 

5. Arranje

Arranjar roupa danificada ou decidir utilizá-la por mais tempo – por exemplo, por mais nove meses – pode ajudar a reduzir o seu impacto ambiental até 30%. Caso não seja possível o conserto da roupa, reciclar é outra forma de tornar o nosso armário mais ecológico. Algumas marcas têm vindo a incentivar os seus clientes a entregar, em loja, os artigos que já não utilizam para reciclagem.

Se as tendências da moda são cíclicas, adotemos comportamentos de consumo que contribuem para a economia circular desta indústria, reutilizando uma e outra vez. Cada um de nós pode fazer a diferença na proteção do planeta.